sábado, 30 de março de 2013

Descobri que odeio a independência que sempre desejei.

Sozinha. É como tem sido nos últimos dias. Tranquei-me no meu apartamento localizado no centro da  cidade, o que eu tinha na cabeça quando implorei aos meus responsáveis que me deixassem partir e ter uma vida independente em uma casa só minha? Certo, a ideia era boa, até hoje é. Só que eu me esqueci de que após as saideiras nas quais me deixariam cair na tristeza, chegando em casa não haveria ninguém lá para me consolar. Eu chegaria sozinha. Eu não pensei sobre isso no momento em que parti. Agora, sinto falta. Pior, agora sinto-me em uma solidão constante. Chego em casa após o dia de trabalho querendo contar as novidades para alguém, mas não há ninguém. Só preciso pegar o telefone, e conversar, mas quem me dera o abraço e parabéns? E o de consolo, que eu necessito muito mais? Ah a vida é mesmo uma droga, nós humanos nunca estamos satisfeitos. Eu mesma recordo de como eu reclamava de morar com meus pais, de como era chato ter hora para chegar em casa ou de como eu era pregada de regras sobre quem eu poderia levar até lá. E agora, reclamo porque fico três da manha na rua e ninguém me liga para saber se estou bem ou que irá assistir o último filme do homem aranha enquanto me espera chegar. Ok, só uma tola. Eu deveria me preocupar mesmo com isso?
A questão é que sempre fui um pouco solitária, admito. Eu gosto de gente, gente por perto. Gosto de brigar pelo controle remoto, gosto de implicar com quem comeu o ultimo pedaço do bolo guardado na geladeira, gosto de ser interrompida enquanto leio um livro pela caixa de som do quarto ao lado, gosto de que gritem meu nome para esquentar a janta, gosto de que me liguem dez vezes para me obrigar a voltar para casa meia noite em ponto, gosto de ser acordada domingo de manha por conta do despertador que meu irmão deixou tocar e não acordou para desligar. Gosto de todas essas coisas que me deixam de mal humor e que me fazem reclamar da vida como se fosse a pior coisa do mundo. Infelizmente, só agora tenho dado valor. Agora que estou livre disso tudo, percebo a grande falta que me faz.
Agora, nada mais estou do que chegando em casa a hora que eu quero, dando a festa que eu quiser, levando a pessoa que eu desejar para casa, cozinhando a hora que me der vontade, indo dormir faltando três horas para o trabalho, enfim, estou fazendo coisas que todo mundo sozinha em fazer, inclusive eu. É um sonho isso, nos dois primeiros meses eu pensei estar vivendo o filme da minha vida. Mas é claro que tudo que é bom, tem suas desvantagens. Aliás, não é todo dia que eu dou festas, saio tarde de casa, chamo alguém para ser minha companhia e etc. Quando nada disso eu faço, eu fico sozinha. A televisão já não tem tantos programas legais assim, a internet já perdeu aquela graça toda que tinha, olhar pela janela é coisa que só vou fazer aos setenta e eu tenho que escolher entre fazer nada, rever o mesmo filme ou reler o mesmo livro. É, nesse caso a vida fica chata e eu acabo pensando na saudade.
Moro sozinha. Tenho vinte e um anos e não tenho namorado. Divido meu apartamento com a minha sombra e se não fosse pela minha alergia, um cachorro seria meu melhor amigo aqui. Faz um ano desde que deixei de viver com meus pais e meus três irmãos. Fiz isso porque recebi uma oferta de emprego inacreditável após concluir a faculdade, o salário é bom e a oportunidade é milionária. O dinheiro estava na frente de tudo e de todos até então, agora, nem tenho tanta certeza. Não sei exatamente como me sinto sobre isso. É essa minha sensibilidade, minha solidão, meu gosto excessivo por ter companhia vinte e quatro horas por dia. Eu deveria ter superado depois de tanto tempo, porém não sei bem o que aconteceu. Alguns amigos dizem que nasci parar viver eternamente com os pais, outros dizem que ando precisando realmente de um namorado e tem aqueles que dizem que seria perfeito morar com uma amiga. Enquanto não decido o que fazer, eu escrevo sobre isso, sobre minha experiencia. Essa sou eu sendo adulta, ou pelo menos tentando ser.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Eu penso bastante nisso, eu sou uma pessoa que fica bastante tempo quieto e sozinho, porém não solitário! converso bastante com os amigos que tenho! Apesar disso a saudade aperta mesmo, não tem jeito!
    Muiito bom seu texto! gostei *-*
    -Diego
    Beijos!

    http://doiss2.blogspot.com.br

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